As condições de aprendizagem filosófica pelo estudante surdo no ensino médio

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar as condições para aprendizagem filosófica a partir da percepção dos estudantes, professores e intérpretes. Parte-se do pressuposto de que a Libras, como língua natural da pessoa surda, precisa ser utilizada nos diversos momentos do processo didático-pedagógico. O professor tem uma língua de base oral e os estudantes surdos, uma língua visual espacial; por essa razão, se faz necessário o uso de textos, vídeos e demais recursos para exposição, explicação, avaliação e socialização do conhecimento. O conhecimento da cultura surda e das diversidades identitárias das pessoas surdas é relevante para a adequação dos conteúdos na disciplina Filosofia. Assim, a pergunta central que se procura responder com este estudo é: o que é necessário considerar, do ponto de vista didático-pedagógico, para possibilitar a aprendizagem filosófica aos estudantes surdos em salas de aula inclusivas? A pesquisa se apoia nas abordagens epistemológicas dos estudos surdos (QUADROS, 2003, 2007, 2008; FERNANDES, 2003, 2007, 2014) para apresentar aspectos culturais e a importância da língua de sinais no processo educativo e formativo da pessoa surda. Utilizou-se a pesquisa de observação participante para coletar informações e relatos de professores, estudantes e intérpretes envolvidos no processo de ensino e aprendizagem na disciplina Filosofia em sala de aula inclusiva no ensino médio. Destaca-se a necessidade de tempo para pensar nas práticas de adaptação curricular e pedagógica, a fim de proporcionar condições para a aprendizagem filosófica voltada ao estudante surdo.