TRILHANDO CAMINHOS: Um Retrato da Minha Jornada na Formação Docente

Autores

  • VALDEMIR RIBEIRO FARIAS UFT

Resumo

Vale ressaltar que a palavra memorial tem origem no latim memoriale e refere-se a momentos e fatos memoráveis que precisam ser lembrados. Trata-se de um gênero com caráter científico e reflexivo, como afirma Carrilho (1997).

Nasci em 10 de novembro de 1977, na cidade de Marabá, no estado do Pará. Essa cidade, conhecida como a Capital do Carajás e Terra da Castanha, é marcada por uma rica miscigenação de povos e culturas. Marabá é a quarta cidade mais populosa do estado, conforme dados do IBGE (2020). Foi fundada em 18 de março de 1898 e emancipada em 27 de fevereiro de 1913.

Minha trajetória escolar começou ainda nessa cidade, numa escola municipal. Costumava chegar à escola ainda de madrugada, pois meu pai saía cedo para trabalhar na construção civil e eu já me aprontava para acompanhá-lo. Ficava aguardando o dia amanhecer no portão da escola. Em muitas ocasiões, o vigia me convidava para entrar, preocupado com a minha segurança — afinal, no início dos anos 1980, Marabá enfrentava altos índices de violência, impulsionados pelo garimpo em Serra Pelada, que atraía pessoas de várias partes do país e tornava a cidade um ponto de apoio importante.

Durante todo esse percurso escolar, eu nunca imaginei que um dia me tornaria professor. Hoje, somo 27 anos de atuação na docência. Ao longo desse tempo, tive a oportunidade de contribuir com a Educação Infantil, o Ensino Fundamental, o Ensino Especial, a Coordenação Pedagógica, a Gestão Escolar, o Ensino Médio, o Ensino Técnico, a Educação de Jovens e Adultos e o Ensino Superior.

Minha jornada na educação teve início em 1996, quando eu possuía apenas a formação do antigo curso de Magistério. Em minha cidade, as oportunidades eram escassas: ou trabalhávamos no corte de cana, numa indústria que havia iniciado suas atividades agrícolas nos anos 1980, ou íamos para São Paulo trabalhar na construção civil. Cansado do trabalho duro no corte de cana, que enfrentei desde a adolescência, e sem poder deixar minha mãe para tentar a vida em outro estado, resolvi permanecer e encarar as dificuldades locais.

Foi durante o curso de Magistério, nos anos 1990, que uma professora de Matemática despertou em mim o desejo pela docência. Ela me incentivava a substituí-la em algumas aulas do sexto e sétimo ano, numa escola municipal. A partir dessas experiências, comecei a perceber que o caminho da educação poderia ser mais viável — e também mais significativo — do que a dureza do trabalho agrícola. Além das dificuldades físicas, o retorno financeiro era mínimo e incerto.

Jamais imaginei que, ao longo da minha trajetória de vida, me tornaria professor. No entanto, foi esse caminho que me transformou e me fez compreender a potência da educação como força de mudança — não só para mim, mas para todos que comigo compartilham essa missão.

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Publicado

27.06.2025